O uso do sistema light
steel framing, ou simplesmente steel frame, como ficou mais conhecido, é
recente na construção civil brasileira. A técnica construtiva começou a ser
difundida no Brasil no final da década de 1990, quando vantagens como leveza,
rapidez de construção, baixa geração de resíduos e facilidade começaram a
atrair a atenção de clientes para a solução, sobretudo nos seguimentos
comercial e industrial. No nicho residencial, o sistema está longe de decolar,
mesmo com o horizonte de construções para atender programas habitacionais como
o Minha Casa, Minha Vida pela frente.
Além das barreiras
culturais, a falta de norma técnica capaz de orientar as etapas do sistema é
dos principais entraves para o amplo uso no segmento de habitações populares,
que exige longa jornada de comprovação tecnológica para aprovação de projetos.
Por enquanto, o único
texto de referência é a diretriz Sinat (Sistema Nacional de Avaliações
Técnicas) n.º003 – Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados
a frio, com fechamento em chapas delgadas (sistemas leves tipo “Light Steel
Framing”), criado pelo Ministério das Cidades. Hoje, esse é o documento mais
importante para quem pretende financiar obra com a Caixa Econômica Federal.
Outro ponto
desfavorável à difusão é o custo, 7% mais caro do que a alvenaria (segundo
estudo realizado pelo departamento de engenharia da PINI). Por outro lado,
fabricantes e construtores especializados contra-argumentam que orçamentos em
steel frame possuem pouca variação. O orçamento sempre bate com o custo final
da obra, diferente do sistema convencional.
Atenção ao
projeto
Composto por perfis
leves de aço galvanizados, fechamentos em placas cimentícias, OSB (Oriented
Strand Board) ou placas de gesso acartonado, isolantes termoacústicos e
impermeabilizantes, além de instalações elétricas e hidráulicas, o steel frame
permite a construção de edifícios com até sete pavimentos. No entanto, costuma
ser mais competitiva a construção de casas térreas, sobrados e edifícios baixos
com até quatro pavimentos.
O ideal é que a obra
seja arquitetonicamente concebida para o sistema, o que contribuirá para melhor
aproveitamento de benefícios como rapidez de execução e redução de
desperdícios. A etapa de projetos requer atenção especial em função da
diversidade de materiais e componentes empregados e das diversas interfaces
entre componentes e elementos construtivos. A análise das soluções não deve ser
feita de forma isolada, sem levar em conta o comportamento global do produto.
Caso contrário, fatalmente resultará em diminuição do desempenho.
Cuidados e
limitações
Componentes
mal-especificados e descuidos durante a execução podem comprometer a qualidade
e a durabilidade da edificação. O steel frame não aceita excentricidades, exige
ajustes perfeitos e parafusamento e prumos corretos. Também não é qualquer
profissional que pode montar o sistema.
Entre os erros mais
comuns de execução estão a utilização de parafusos inadequados, isolamento
entre o solo e perfis inadequados e ausência de contraventamentos, responsáveis
pela resistência da construção a cargas horizontais como esforços gerados pelos
ventos. A falta de proteção dos perfis de aço e das chapas de fechamento contra
umidade, contato direto de componentes com potenciais eletrolíticos e ausência
de vedação nas tubulações de gás internas à parede também são descuidos que
podem prejudicar o bom desempenho do conjunto.
Do ponto de vista
estrutural, o steel frame apresenta limitações, como as espessuras dos perfis.
O mercado oferece apenas as opções de 0,8mm, 0,9mm e 1,25mm. Se quisermos usar
perfis mais robustos, acima de 2,5mm, não é possível, pois não há máquinas que
dobrem perfis nessas dimensões, limitando o tamanho dos vãos e engessando o
sistema.
Fonte:
Revista Construção Mercado n.º125 da editora PINI
Nenhum comentário:
Postar um comentário