segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Light Steel Framing




O uso do sistema light steel framing, ou simplesmente steel frame, como ficou mais conhecido, é recente na construção civil brasileira. A técnica construtiva começou a ser difundida no Brasil no final da década de 1990, quando vantagens como leveza, rapidez de construção, baixa geração de resíduos e facilidade começaram a atrair a atenção de clientes para a solução, sobretudo nos seguimentos comercial e industrial. No nicho residencial, o sistema está longe de decolar, mesmo com o horizonte de construções para atender programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida pela frente.

Além das barreiras culturais, a falta de norma técnica capaz de orientar as etapas do sistema é dos principais entraves para o amplo uso no segmento de habitações populares, que exige longa jornada de comprovação tecnológica para aprovação de projetos.

Por enquanto, o único texto de referência é a diretriz Sinat (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) n.º003 – Sistemas construtivos estruturados em perfis leves de aço conformados a frio, com fechamento em chapas delgadas (sistemas leves tipo “Light Steel Framing”), criado pelo Ministério das Cidades. Hoje, esse é o documento mais importante para quem pretende financiar obra com a Caixa Econômica Federal.

Outro ponto desfavorável à difusão é o custo, 7% mais caro do que a alvenaria (segundo estudo realizado pelo departamento de engenharia da PINI). Por outro lado, fabricantes e construtores especializados contra-argumentam que orçamentos em steel frame possuem pouca variação. O orçamento sempre bate com o custo final da obra, diferente do sistema convencional.

Atenção ao projeto

Composto por perfis leves de aço galvanizados, fechamentos em placas cimentícias, OSB (Oriented Strand Board) ou placas de gesso acartonado, isolantes termoacústicos e impermeabilizantes, além de instalações elétricas e hidráulicas, o steel frame permite a construção de edifícios com até sete pavimentos. No entanto, costuma ser mais competitiva a construção de casas térreas, sobrados e edifícios baixos com até quatro pavimentos.

O ideal é que a obra seja arquitetonicamente concebida para o sistema, o que contribuirá para melhor aproveitamento de benefícios como rapidez de execução e redução de desperdícios. A etapa de projetos requer atenção especial em função da diversidade de materiais e componentes empregados e das diversas interfaces entre componentes e elementos construtivos. A análise das soluções não deve ser feita de forma isolada, sem levar em conta o comportamento global do produto. Caso contrário, fatalmente resultará em diminuição do desempenho.

Cuidados e limitações

Componentes mal-especificados e descuidos durante a execução podem comprometer a qualidade e a durabilidade da edificação. O steel frame não aceita excentricidades, exige ajustes perfeitos e parafusamento e prumos corretos. Também não é qualquer profissional que pode montar o sistema.

Entre os erros mais comuns de execução estão a utilização de parafusos inadequados, isolamento entre o solo e perfis inadequados e ausência de contraventamentos, responsáveis pela resistência da construção a cargas horizontais como esforços gerados pelos ventos. A falta de proteção dos perfis de aço e das chapas de fechamento contra umidade, contato direto de componentes com potenciais eletrolíticos e ausência de vedação nas tubulações de gás internas à parede também são descuidos que podem prejudicar o bom desempenho do conjunto.

Do ponto de vista estrutural, o steel frame apresenta limitações, como as espessuras dos perfis. O mercado oferece apenas as opções de 0,8mm, 0,9mm e 1,25mm. Se quisermos usar perfis mais robustos, acima de 2,5mm, não é possível, pois não há máquinas que dobrem perfis nessas dimensões, limitando o tamanho dos vãos e engessando o sistema.

Fonte: Revista Construção Mercado n.º125 da editora PINI

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