segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Fios e cabos elétricos




Problemas nas instalações elétricas estão dentre as principais causas de choques elétricos e incêndios nas edificações brasileiras. Diante desse quadro, a compra de produtos conformes, associada a bons projetos e a correta execução em instalações de baixa tensão (até mil volts), não ajuda apenas a manter o patrimônio intacto, mas salva vidas. Apesar disso, materiais e serviços de péssima qualidade ainda inundam o mercado e são motivos de preocupação, de acordo com a Qualifio (Associação Brasileira pela Qualidade dos Fios e Cabos Elétricos).

Segundo a entidade, de 50 marcas testadas até junho de 2011, sete (embora certificadas) apresentam condições irregulares e 14 sem certificação têm qualidade inferior aos requisitos das normas. Apenas 29 atendem à tonalidade das exigências das normas, regulamentos e disposições pertinentes. O avanço da certificação compulsória vem proporcionando uma lenta, mas positiva evolução na qualidade desses produtos. Mas parte do mercado é problemático e engloba certificadoras não muito confiáveis e produtos que, mesmo com os certificados cancelados, continuam a ser comercializados por preços mais baixos, acarretando concorrência desleal.

Diferenças acentuadas entre preços de produtos semelhantes devem ser consideradas como primeiro sinal de alerta para identificar a baixa qualidade de um condutor. Produtos nessas condições geralmente possuem menor quantidade de cobre, matéria-prima responsável pela condução de eletricidade e que representa cerca de 80% do custo total de fios e cabos. Apesar disso, ainda existe uma tendência, por parte das construtoras e dos consumidores finais, de comprar produtos pelo preço mais baixo.

Para fugir de problemas com a qualidade do condutor elétrico, a recomendação é consultar os sites da Qualifio e do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que disponibilizam a lista de empresas certificadas.

Vale lembrar, no entanto, que a certificação compulsória não garante qualidade similar aos produtos. A certificação garante que os produtos atendam minimamente aos requisitos exigidos pelas normas para que possam ser comercializados, mas não que todos estejam no mesmo nível de excelência. Alguns vão além, o que justifica as diferenças de preços.

Escolha do condutor

Há no mercado uma enorme variedade de fios e condutores para baixa tensão com isolantes de PVC (cloreto de polivinila), EPR (borracha etileno-propileno) e XLPE (polietileno reticulado por processo químico), PE (polietileno), náilon e silicone, além de condutores livres de halogênio, fumaças e gases tóxicos (cuja composição do material isolante dispensa o uso do cloro, tornando-o atóxico em situações de incêndio).

Antes da seleção, no entanto, é preciso definir no projeto parâmetros como a intensidade da corrente, características da carga alimentada, a tensão nominal da instalação e as condições externas às quais o edifício estará sujeito, o que inclui temperatura ambiente, presença de água, vibrações, choques mecânicos, materiais usados e o número de pessoas.

Muitos erros são cometidos nessa etapa, dentre eles, a especificação de condutores isolados em condutos abertos ou em instalações enterradas (aumentando o risco de curtos-circuitos e choques elétricos) e de cabos PP, próprios para a ligação de equipamentos, em instalações fixas. Em projetos de shoppings, as ligações elétricas feitas em forros devem ser feitas com cabos adequados às instalações aparentes e, em algumas situações até para temperaturas elevadas, evitando derretimento e cuto-circuito.

A maioria dos casos de morte por incêndio acontece pela inalação de gases tóxicos. Por isso, a não utilização dos cabos livres de halogênio, fumaça e gases tóxicos em áreas comuns de grandes edifícios residenciais e comerciais conforme as condições previstas pela NBR 5410 também configura omissão grave. Por fim, outro ponto que merece atenção são as conexões. Tantos as emendas quanto as derivações dos cabos devem ser feitas corretamente e com componentes adequados, evitando o aquecimento de alguns pontos, aumentando o risco de incêndios.

Qualidade instalada

Além da falta de conformidade dos produtos, o estado geral das instalações elétricas prediais brasileiras também preocupa. E, com o forte aquecimento do mercado imobiliário, esse quadro tende a se agravar ainda mais. Uma boa instalação depende de bom projeto, ou seja, de bons projetistas, e de bons materiais. Mas esses cuidados ainda não garantem boa instalação. A qualidade da mão de obra é tão importante quanto o resto, lembrando que a formação de um eletricista demanda, no mínimo, um ano.

Fonte: Revista Construção Mercado n.º122 da editora PINI

Nenhum comentário:

Postar um comentário