O mercado oferece
grande quantidade de tipos de aditivos que podem ser acrescentados às
argamassas de revestimento, transformando as características do material e
melhorando a eficiência em diversos aspectos. A seleção do aditivo deve atender
a critérios técnicos ligados as características desejadas para as argamassas,
levando em conta as matérias-primas utilizadas na produção das mesmas.
Tanto argamassas
rodadas em canteiro como as industrializadas podem receber aditivos, embora geralmente
as industrializadas já venham acrescidas de algum produto. Nos casos em que o
aditivo é acrescentado na argamassa feita em obra, deve-se observar atentamente
as instruções do fabricante. Alguns fornecedores oferecem visitas técnicas à
obra e treinamento.
A NBR 13281, que traz
requisitos para a argamassa para assentamento e revestimento de paredes e
tetos, não define quantidades ou mesmo padrões de qualidade para os aditivos. O
texto também não determina se é o engenheiro químico ou civil o responsável
pela manipulação de aditivos na mistura da argamassa.
Na prática, a
aditivação é feita pelos profissionais do canteiro e o responsável pela
especificação acaba sendo o projetista. Os aditivos mais usados no Brasil
atualmente são os incorporadores de ar, impermeabilizantes e condicionadores de
aderência.
Incorporadores
de ar
Este produto modifica a
argamassa pela incorporação de microbolhas de ar, tornando-o mais homogênea e
maleável. Daí o efeito plastificante do aditivo. É importante que as bolhas se mantenham
estáveis ao longo da aplicação da argamassa e que tenham dimensões entre 0,02mm
e 1mm, no máximo.
O ar é incorporado à
mistura de acordo com a energia que se aplica na preparação. Ou seja, além da
quantidade correta de aditivo, é preciso atentar ao tempo de mistura, para
evitar o excesso de incorporação de ar. A betoneira não é o melhor equipamento
para preparação de argamassa neste caso, mas sim o misturador de eixo
horizontal.
A argamassa com
incorporador de ar requer quantidade menor de água para alcançar a mesma
plasticidade de uma argamassa não aditivada, já que as microbolhas retêm um
pouco mais de água. Isso reduz a retenção e, portanto, diminui o risco de
trincas. Por outro lado, as bolhas causam redução da resistência mecânica e da
aderência. Outro efeito do aditivo é retardar a secagem da argamassa.
Impermeabilizantes
São aditivos que
reduzem a absorção de água, ideal para aplicação em clima úmido e em
reservatórios de água, como piscinas e tanques. No entanto, a impermeabilização
é limitada, ou seja, não existe argamassa 100% impermeável. Como não há norma
brasileira, toma-se como base as normas americanas, que determinam que o
produto deve reduzir 50% da absorção em relação a uma argamassa não aditivada.
O aditivo
impermeabilizante é especialmente sensível à dosagem. Em pequena quantidade,
não faz efeito; em grande quantidade, pode ocasionar fissuras severas. Outro
ponto importante a ser observado é a homogeneidade da mistura, para evitar que
o aditivo se concentre apenas numa parte da argamassa, tornando os poros muito
fechados e comprometendo a aderência.
Condicionadores
de aderência
Esse tipo de aditivo
melhora a aderência química da argamassa ao substrato. Composto por polímeros
sintéticos, no Brasil é usado principalmente no chapisco. Dosagens mais baixas
que o recomendado reduzem a eficiência, mas não prejudicam o resultado normal
da argamassa e, mesmo nesse caso, pode-se perceber benefícios. Como é um
polímero, também resulta em certo nível de impermeabilização e, se aplicado em
excesso, causa falhas de aderência.
Há muitos outros tipos
de aditivos no mercado. Os aceleradores, como diz o nome aceleram a secagem da
argamassa. Os retardadores fazem justamente o oposto, permitindo a execução de
panos maiores de revestimento. Já os estabilizadores são retardadores a longo
prazo, travando a reação química por 48 horas ou até 72 horas.
Existem ainda
inibidores de corrosão, indicados para áreas onde há maior contato da argamassa
de revestimento com peças de aço. Os plastificantes e superplastificantes, mais
comuns na argamassa industrializada, reduzem o consumo de água e melhoram a
maleabilidade. As fibras são usadas para resolver problemas de retração ou em
casos onde há tendência ao fissuramento. Por fim, os pigmentos são aplicados
para colorir a argamassa.
Além da aplicação
individual, os produtos podem ser combinados entre si, agregando mais qualidades
à argamassa. Uma ressalva importante é que toda adição deve ser executada de
acordo com as dosagens e orientações feitas pelos fabricantes. Um erro de
dosagem pode comprometer o desempenho da obra.
Fonte:
Revista Construção Mercado n.º130 da editora PINI